O conhecimento poderoso em Geografia
Na quinta aula de
Didática da Geografia foi desenvolvida uma discussão em torno do texto de Margaret
Roberts (2017) sobre o conhecimento poderoso em Geografia.
Segundo a autora (Roberts, 2017), o conhecimento
poderoso é o que se desenvolve através das disciplinas escolares, o que apenas
em meio académico se pode adquirir e ao qual a maioria dos alunos não teria acesso
se não fosse através da escola. Não é correto dizer que frequentar ou não a
escola é a mesma coisa! Apenas num espaço de debate e reflexão como é a escola é
que os alunos podem desenvolver aprendizagens e competências essenciais. A
autora enumera cinco características que ao serem contempladas no ensino da
geografia este se pode concretizar num conhecimento poderoso para os alunos.
A educação geográfica permite que os
alunos liguem o conhecimento adquirido nas suas vivências quotidianas, e em
diferentes meios e contextos, e o conhecimento que a geografia escolar lhes
oferece através dos temas e conceitos previstos no currículo. Ambos os conhecimentos
são igualmente poderosos e devem ser abordados em conjunto. Isto implica uma contextualização
do conhecimento “espontâneo” dos alunos com o conhecimento científico com o apoio
do professor. Será tanto maior a aprendizagem dos conceitos pelos alunos quanto
mais estes se relacionarem com situações concretas da sua vida.
O conhecimento poderoso transforma a
forma como os alunos veem o mundo e a Geografia é uma das disciplinas que
melhor contribui para a construção de “imagens” do mundo em que vivemos,
relacionando os fenómenos a diferentes escalas. A geografia escolar ajuda os
alunos a pensarem globalmente para além do meio e dos espaços em que vivem,
contribui para que estes abarquem a diversidade do mundo global em que vivemos,
transpondo conceitos para outras realidades e vivências e interrelacionando os
espaços e os lugares.
O conhecimento poderoso da geografia permite
que os alunos ganhem consciência do impacto das suas decisões a diferentes
escalas desde a sua casa, o seu bairro, cidade, país, até a uma escala global. Implica
a aquisição e a transposição de valores de cidadania aplicados desde os seus
espaços de vida até a uma cidadania global, logo cidadãos do mundo engajados
nos problemas globais. As grandes questões do nosso tempo são temas de debate
em geografia e desenvolvem nos alunos competências críticas e de cidadania
ativa e participativa.
Os alunos desenvolvem as competências
necessários para compreender a complexidade do mundo, uma vez que aprendem a
interrogar, a analisar e a interpretar os fenómenos geográficos. Desta forma, desenvolvem
uma compreensão aprofundada dos fenómenos, os que são trabalhados na escola e os
que fazem parte da sua vida quotidiana, da sociedade em que estão inseridos e
do mundo.
Por último, os alunos devem ser
levados a participarem ativamente na sua aprendizagem, passando de meros
recetores passivos de conhecimentos para atores e autores do seu próprio conhecimento.
Para que a educação geográfica seja poderosa as práticas didáticas e
pedagógicas devem ser poderosas! Um dos princípios da educação geográfica é o
de capacitar os alunos a pensarem geograficamente e a desenvolverem um espírito
crítico o que exige que estes façam parte ativa da construção do seu próprio conhecimento.
Um aluno aprenderá mais e melhor se estiver envolvido no seu processo de
aprendizagem o que pode ser alcançado através de metodologias ativas centradas
no aluno.
A educação geográfica é tanto mais
poderosa quanto mais valorizar o conhecimento quotidiano dos alunos e os
conduzir a uma visão do mundo de diferentes perspetivas. Será poderosa se desenvolver
nos alunos competências, em particular as competências críticas e criativas,
que possam transpor para a sua vida quotidiana presente e futura. Porém, como
bem refere Roberts (2017) isto só será possível através da aplicação de práticas
didático-pedagógicas e de metodologias ativas centradas no aluno que promovam o
envolvimento deste no seu processo de aprendizagem e na construção do seu
conhecimento.
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