Educação Geográfica
A educação geográfica é a formação de
base que todos devem possuir!
Ou a pergunta pertinente: qual é o
valor formativo e utilidade da educação geográfica? Uma pergunta que julgo importante
de modo a melhor se definir o que é afinal a educação geográfica e como a didática
da geografia, assente num diálogo proveitoso do que esta é em termos teóricos e
de como na prática a mesma se inscreve, pode corresponder ao que se espera e
deseja da educação geográfica, contribuindo, também, para a sua definição.
Antes de mais a educação geográfica desenvolve
nos alunos competências, como a de pensar o espaço, pensamento esse ancorado na
aprendizagem de conceitos que são fundamentais à geografia e que definem a sua
identidade, tais como, localização, escala, distribuição, espaço, lugar, região,
território, ambiente e interação. Os conceitos orientam as respostas centrais da
geografia sobre os fenómenos sociais e ambientais: Como se caraterizam? Onde se
localizam? Como se distribuem no espaço? O que explica essa localização e distribuição?
Como agir para enfrentar e solucionar os problemas? São os conceitos, e como
estes são colocados em relação, que orientam as respostas a estas questões e
que norteiam a educação geográfica e lhe conferem individualidade (Cachinho,
2000).
A capacidade de pensar o
espaço e o conhecimento do mundo que a educação geográfica proporciona, permitem
perceber de que modo os fenómenos que se inscrevem na superfície terrestre
estão interligados e que ao agir sobre um fenómeno este interfere nos restantes.
O estudo da geografia e o desenvolvimento das competências geográficas ao longo
da escolaridade obrigatória, em particular do ensino básico e secundário, permitem
encontrar respostas para as múltiplas questões que se levantam na sociedade contemporânea,
quer sobre o meio físico, quer humano. Respostas estas que a diferentes escalas
se revestem de diferentes características, mas que contribuem para a perceção de
um mundo de múltiplas realidades que interligadas entre si constituem uma só singularidade,
a de pertencermos à mesma família, sob o teto da mesma casa.
Uma vez que mais do que «ensinar
geografia devemos educar geograficamente as pessoas» (Cachinho, 2000, p. 76)
então a educação geográfica deverá assumir o papel de formação dos cidadãos para
a prática da cidadania plena, ou seja, a de questionamento sobre a realidade
que nos envolve, como atores e autores dessa mesma realidade. A geografia
diz-nos que o que comanda a organização do espaço são os fenómenos de natureza
social, ou seja, que essa organização resulta da ação dos homens que em função
das suas necessidades gerem o “potencial ecológico que têm à sua disposição”
(Cachinho, 2000, p. 76).
Para educar geograficamente os
cidadãos, desde o seu percurso escolar e ao longo de toda a sua vida, deve
partir-se do real, da realidade da vida quotidiana, sabendo selecionar os
problemas/temas que são mais pertinentes e que melhor conseguem envolver as
pessoas no seu processo de aprendizagem. Devem ser tema de reflexão e de
aprendizagem na educação geográfica dos cidadãos os problemas que lhe são próximos,
os que dizem respeito à sua comunidade, ao seu bairro. É esta relação de
proximidade com os problemas que mais facilmente envolve as pessoas na sua
resolução, contribuindo para a prática da cidadania alicerçada em conceitos e
no pensamento geográfico.
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Claustros do Colégio Espírito Santo, Universidade de Évora (foto da aluna) |
Cachinho, H. (2000). Geografia escolar:
orientação teórica e praxis didática. Inforgeo, 15, 69-90. https://www.apgeo.pt/inforgeo-15
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